A Comunicação como Eixo Central dos Desafios Organizacionais
Três pontos do relatório Tendências em Gestão de Pessoas feito pelo GPTW, chamaram minha atenção e também aparecem em diversas pesquisas como grandes desafios enfrentados por empresas de diferentes segmentos e estados: saúde mental, comunicação e qualificação.
Entre eles, destaco a comunicação, que surge de forma quase unânime como um dos maiores obstáculos dentro das organizações. Mais do que um desafio isolado, ela se conecta diretamente com os outros dois pontos: sem uma comunicação eficiente, a saúde mental dos colaboradores é impactada negativamente e os esforços de qualificação, tanto interna quanto nas contratações externas, tornam-se ainda mais complexos.
Yuval Harari, em 21 Lições para o Século 21, afirma:
“Num mundo repleto de informações irrelevantes, clareza é poder”.
Essa frase traduz com perfeição a importância da comunicação para os resultados organizacionais. Afinal, a verdadeira complexidade das empresas não está na gestão de máquinas, sistemas ou códigos, mas sim na gestão de pessoas. E, nesse campo, a comunicação é a ferramenta mais poderosa , desde que seja clara, objetiva e bidirecional.
Com base em minhas experiências profissionais, percebi que empresas com comunicação interna estruturada e transparente conseguem alinhar seus times a um propósito comum, reduzir ruídos e aumentar significativamente a motivação. Líderes que transmitem mensagens de forma clara, com feedbacks construtivos e dados relevantes, conseguem não apenas melhorar a performance individual, mas também impulsionar a qualificação contínua de seus colaboradores. O resultado é evidente: menos retrabalho, menos desgaste emocional e mais energia direcionada ao que realmente gera valor para o negócio.
Por outro lado, empresas que falham nesse ponto acumulam prejuízos financeiros e perdem talentos valiosos. Um exemplo recente publicado no setor de publicidade ilustra bem esse risco: uma nova colaboradora da área de Recursos Humanos relatou que a agência contratava estagiários e freelancers inexperientes, sem oferecer treinamento ou acompanhamento adequado. A comunicação era fragmentada, informações importantes se perdiam e os erros se multiplicavam. Em um dos casos mais graves, uma campanha foi ao ar com o logotipo do cliente distorcido, gerando prejuízos financeiros, crise de relacionamento e forte desmotivação da equipe. O que inicialmente parecia uma estratégia de economia resultou em perdas expressivas e danos à reputação da agência. O verdadeiro vilão não foi apenas a contratação de profissionais inexperientes, mas sim a ausência de uma comunicação eficiente e estruturada.
O relatório Tendências em Gestão de Pessoas da GPTW reforça esse ponto: independentemente do setor, a comunicação interna aparece constantemente entre os maiores desafios, seja em primeiro ou segundo lugar. Isso evidencia uma necessidade latente das organizações, percebida não apenas pelos líderes, mas pelos próprios colaboradores de diferentes áreas.
Diante disso, surge a pergunta inevitável: como melhorar a comunicação dentro das empresas?. Talvez o primeiro passo seja reconhecer que o maior problema da comunicação é acreditar que ela aconteceu. Não se trata apenas de transmitir informações, mas de criar canais de escuta ativa, onde líderes e liderados possam compartilhar percepções, dificuldades e expectativas.
Líderes precisam ser preparados para ouvir, enquanto colaboradores devem se sentir seguros para se expressar. Esse movimento exige esforço, treinamento e mudança cultural, mas pode ser o ponto de partida para resolver outros problemas estruturais, como a saúde mental dos times e a busca por qualificação constante.
Em resumo, investir em comunicação clara, transparente e de múltiplas direções não é um luxo, mas uma necessidade estratégica. Empresas que reconhecem isso estarão não apenas prevenindo falhas e prejuízos, mas também criando ambientes mais saudáveis, colaborativos e preparados para crescer de forma sustentável.
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